30/04/2024 às 12h51min - Atualizada em 01/05/2024 às 08h07min

Curitiba conta com 322 favelas e vive explosão de problemas habitacionais

Pesquisa da Cohapar revela que quase 60 mil famílias estão na fila por moradia na capital paranaense; dados eram “escondidos” pela prefeitura

Eduardo Betinardi
Instituto Legado
De acordo com dados divulgados pela Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar), Curitiba tem um déficit habitacional de mais de 90 mil moradias. Segundo a pesquisa, 43.461 famílias vivem em alguma das 322 favelas espalhadas pela capital paranaense e outras 7.400 famílias moram em um dos 93 loteamentos irregulares da cidade.

O estudo mostra ainda que existem 58.781 famílias na fila de uma casa popular da Cohab, destacando a urgência da demanda por moradias na cidade. Parlamentares paranaenses lutavam há meses pelos números atualizados e reclamavam do “sumiço” dos dados referentes ao caos habitacional na capital paranaense. Em 2023, o deputado estadual Ney Leprevost (União Brasil) chegou a protocolar um expediente oficial à Prefeitura de Curitiba solicitando informações referentes a quantidade de favelas e loteamentos irregulares existiam na capital. O pedido nunca foi respondido. Além disso, o parlamentar apresentou um Projeto de Lei, que está tramitando na Assembleia Legislativa do Paraná, que estabelece que todos os municípios tornem público os números referentes a filas por moradias.

“A pesquisa revela uma Curitiba que poucos conhecem e demonstram uma falta de gestão competente e eficiente por parte da Prefeitura. É preciso promover a melhora das condições de vida das famílias com maior grau de vulnerabilidade social, levando mais dignidade, oportunidade e esperança de uma nova vida, de um novo futuro para quem realmente precisa”, destaca o deputado estadual Ney Leprevost (União Brasil).

Para a pesquisadora e psicóloga Julia Caetano, especialista em habitação e Coordenadora do Centro Estadual de Defesa dos Direitos Humanos das Populações em Situação de Rua e Catadora de Materiais Recicláveis, o município de Curitiba, o estado do Paraná e o Governo Federal têm falhado, sistematicamente, em prover respostas as questões habitacionais. “Não se trata de ignorância, desconhecimento da realidade: consiste, de fato, em necropolítica e aporofobia. As pessoas ricas continuam acessando créditos imobiliários para a compra de imóveis, enquanto uma parcela enorme da população sequer consegue pagar o aluguel”, comenta.

Segundo a especialista, a sociedade e poder público tem como foco central uma política de assistência social, que atua de maneira paliativa. “O que precisamos, de fato, são de políticas públicas estruturantes e emancipatórias, que assegurem a todas as pessoas o acesso a uma moradia segura e digna. Enquanto o poder público não entender isso e nós, enquanto sociedade, não demandarmos do Estado a efetivação do direito à moradia, continuaremos a nos espantar com dados como esses apresentados pelo recente estudo da Companhia de Habitação do Paraná”, argumenta Julia.

De olho no caos social gerado por problemas habitacionais, entre eles o aumento da violência e falta de estruturas básicas da área do transporte, saúde e educação, Ney Leprevost, em parceria com o também deputado Delegado Jocovós (PL), protocolou, na Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP), um projeto de lei criando a Política Estadual de Desenvolvimento Urbano e Socioeconômico de Favelas, inspirado no Projeto Favela 3D desenvolvido pelo Instituto Gerando Falcões. “O projeto de lei busca o desenvolvimento humano integral e a promoção da cidadania por meio de tecnologias inovadoras em equipamentos, moradia e estrutura comunitária que têm o poder de transformar as favelas em espaços dignos para os moradores”, completa Ney.




 
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